quarta-feira, 15 de abril de 2015

Errante profissional


Leia ouvindo: Kid Abelha - Nada Sei





Quando há algo errado não precisa ninguém chegar e te dizer. Você sabe.
Quando somos crianças temos quem nos instrua, mostre o melhor caminho, temos quem nos ensine e explique sobre isso que chamamos de vida; por mais que, muitas vezes por rebeldia, façamos diferente do que nos é dito, no final sempre descobrimos que eles, os adultos, tinham razão.
Há exceções, raríssimas, mas há. Não me encaixo nessa raridade.
Comigo até hoje é assim, se falo em fazer algo e minhas tias ou avó falam que não, eu paro e penso mil vezes e se o fizer, eu me arrependo. É sempre assim. Unânime.
E, de repente, num dia qualquer eu acordo com a sensação de escolha errada. Eu sei que fiz.
To nessa, só não sei qual das tantas. Enquanto isso fico aqui perdida em meio à duvida em qual filme assistir e quais palavras digitar.



quinta-feira, 12 de março de 2015

Próxima parada






Leia ouvindo: Hurt - Johnny Cash 






Tava  ~ zanzando ~ na internet como de costume, até que me deparei com comentários de um amigo falando sobre uma paixão de ônibus. Aquela platônica que a gente sabe que quando a pessoa descer no ponto, que pode ser o próximo ou só no final da linha, provavelmente nunca mais a veremos e me veio na cabeça que a vida toda é isso: a perda do (no)  próximo ponto.
E posso até dizer que doeu. Doeu por saber que tudo que pensei na viagem de ontem já não foi o mesmo pensamento de hoje, parece que os pensamentos estão sendo perdidos
 a cada parada. E o pior, a viagem não para por causa disso; amanhã quando eu estiver nesse mesmo ônibus, não estarei fazendo a mesma viagem, mesmo que o destino final seja o mesmo. É como o pensamento de Heráclito: "Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio"
Só lamento por perder meus pensamentos em meio a essas viagens, não ter ideia do que deixei pra trás e  por não saber o que me espera na próxima parada: Um amor platônico, um baleiro ou um ônibus lotado. 

sexta-feira, 6 de março de 2015

O fim não é o final de tudo



Leia ouvindo: The Temper Trap - Sweet disposition




Eu to passando só pra dizer que to viva. Vivíssima, aliás. Que o fim do mundo que eu achava que enfrentaria não aconteceu. Que as musicas que eu pensei que pararia de ouvir, não parei. Que as festas que acreditei que não acharia mais graça em ir, eu fui. Em todas. Que aquele receio de encontrá-lo em qualquer rua, loja, shopping ou até mesmo no saguão do aeroporto esvaiu-se. Que aquela coisa de tira-lo de todas as redes sociais por não ter coragem de saber que você seguiu bem sem mim passou. Eu quero é saber disso mesmo. E eu já posso até te desejar felicidades, apertar sua mão, ouvir aquela música, a qual a primeira vez que eu ouvi estava contigo. Ouço sem lagrimas nos olhos e até mesmo as palavras amargas que ecoavam em minha mente toda vez que eu ouvia seu nome já não fazem mais o mesmo estrago.  O ponto final de meses atrás foi mesmo o fim. E como pra todo fim há um novo começo. Olha, acho que isso quer dizer que estou pronta. 
Inclusive já (re)comecei. 
E não foi um começo de imediato, podem até pensar isso. Esse (re)começo é de longa data, longo anos. Coisa de que, quando ouço a risada dele, lembro que era exatamente esse som das gargalhadas em meio ao grupo dos amigos. Os gestos com as mãos é exatamente o qual eu me recordo quando estávamos sentados numa bancada apresentando um trabalho, éramos os apresentadores. Coisa de quando eu to de longe o olhando, eu sei, sinto que to sorrindo admirando-o. Aquilo que todo mundo gosta dele, é exatamente assim ainda. E a maioria das pessoas com quem conversei eram mulheres e elas me diziam a mesma coisa: "Ele é um cara incrível, que sorte a sua!"
Sim, que sorte a minha aquele fim. Que sorte a minha aquele reencontro. Que sorte a minha esse começo. E foi aí que percebi o sentido tão real da frase que até compartilhei em uma das minhas redes: "Às vezes, quando você perde, você ganha". 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma carta pra não ser entregue

Eu adiei escrever essa carta como qualquer apaixonado por futebol quer adiar a final de um campeonato quando seu time tá perdendo. Adiei como qualquer cantor em sua canção preferida não quer parar de cantá-la. Adiei como qualquer pessoa não quer chegar num fim. Porque é isso que essa carta é: um fim. Uma despedida. E despedida sempre dói. 
Mas pra todo fim há um começo, por mais que demore, e se não um começo, um recomeço.
Eu não queria chegar no fim porque eu acredito que as coisas boas não deveriam acabar, mas há um momento em que perdemos o controle e aí precisamos reconhecer: essa é a hora. 
Que lembremos o que foi bom e que os momentos ruins tenham servido para nos ensinar algo que possamos levar para  vida. 
Eu aprendi, e muito. Inclusive reaprendi em confiar em alguém. E aprendi também que não adianta você mudar para agradar ninguém, uma hora você sente falta de quem era e vai começar a julgar o outro e outro vai ficar se perguntando "cadê a pessoa por quem me encantei?". Aprendi que as coisas precisam serem definidas, algo indefinido é aberto a várias interpretações e vai ter uma hora que isso vai pesar e você se desequilibrará diante as delicadezas que isso pode trazer. Aprendi que o orgulho te faz perder, de verdade, e que a melhor coisa que pode fazer é abrir mão dele e ir atrás do que interessa. Aprendi que é preciso falar o que se pensa e que se não há abertura pra isso, há algo muito errado. Mas também que vai ter hora que ficar calada é o melhor. "The sweetest song is silence!". Aprendi que que se você se acostuma com um dia sem falar com a pessoa, vc se acostuma com uma semana e de repente já não sente falta. E é nessa ausência de falta que as coisas mudam e que vc precisa aceitar que chegou ao fim e precisa continuar.
E acredito que apesar de ser um fim,  isso não precisa ser um adeus, a gente pode se encontrar em outras ruas, outras canções, em outras vidas.